sexta-feira, 10 de junho de 2011

Inês! Ai, ai, um, dois e três!

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Inês! A miúda terá uns 2 anos, e finge não ouvir.  Inês! torna a chamar a mãe, e a miúda nada. Já com voz mais forte e com uma musicalidade meiga, a mãe diz "Inês, um, dois, três! E eis que a criança vem a correr embora, de forma bem afirmativamente vá dizendo "Não!".
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Sentaram-se perto de mim na praia, pelo que vou mesmo sem querer, escutando e observando.
Primeiro foi para pôr creme de proteção solar. A mãe a chamar e a criança a ignorar, depois para vir descansar na toalha e mais tarde para deixar de ter os pés na água.
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E a boa da Inês, com a tal frase mágica, ameaçadora e indiciadora de qualquer coisa acordada com a mãe, lá vem vindo, mas mantendo sempre um "Não" verbal e bem afirmado.
Ao chegar perto da mãe, ouve dela a explicação porque tinha de vir, numa voz suave e meiga.
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René Sptiz, nascido no século XIX e que morreu no dia e ano da Revolução dos Cravos, foi um psicanalista que observou o desenvolvimento de crianças na relação com as mães, comparando com crianças em orfanatos. Determinou nos primeiros anos de vida da criança, pontos cruciais do desenvolvimento do Eu, os organizadores psíquicos, que correspondem a patamares de novos funcionamentos mentais.

Por volta dos 15-18 meses, a criança começa a dizer "Não" abanando a cabeça. O 3º organizador de Sptiz, o "Não",  com vários sentidos, como explicitar a sua vontade mas também iníciando a sua capacidade de se reconhecer enquanto diferente do outro.
A mãe, com as suas regras, lembrava-lhe que o princípio do prazer não pode levar a sua sempre avante.

E assim se cresce.

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