sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Poema . Jorge de Sena

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HUMANIDADE
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Na tarde calma e fria que circula
por entre os eucaliptos e a distância,
olhando as nuvens quase nada rubras
e a névoa consentida pelos montes,
névoa não subindo por não ser
fumo da vida que trabalha e teima,
e olhando uma verdura fugitiva
que a noite no céu queima tão depressa,
esqueço-me que há gente em cada parte,
gente que, de sempre, sofre e morre,
e agora morre mais ou sofre mais,
esqueço-me que a esperança abandonada,
a não ser de ninguém, é sempre minha,
esqueço-me que os homens que a renovam,
que o fumo dos seus lares sobe nos ares...
Esqueço-me de ouvir cheirar a Terra,
esqueço-me que vivo...E anoitece.

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