segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Aconteceu...Que o grosso da coluna anda cá fora

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Antigamente, quando havia hospitais psiquiátricos com funcionamento por vezes asilar, as pessoas estavam habituadas a ver pelas ruas que ficavam perto, doentes com ar abandónico, a pedir esmola para um café ou um cigarrinho.
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"De médico e de louco todos temos um pouco", diz o provérbio, sendo que a verdadeira essência do assunto, é que todos gostaríamos de ser um pouco médicos e todos temos um enorme medo de ser um pouco loucos.
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Em frente do antigo Hospital Júlio de Matos, em Lisboa, havia uma papelaria que também vendia outros objectos que serviam para resolver uma prenda de última hora.
Há bastantes anos, uma médica desse hospital, bem arranjada e com bom aspecto, foi lá comprar um objecto qualquer que precisava de um embrulho bonito para ser oferecido. A funcionária atendeu a cliente muito atenciosamente, e estava a começar a embrulhar o objecto escolhido, quando lhe entra pela loja dentro um residente do hospital para comprar um maço de tabaco. Aflita largou tudo da mão e apressou-se a atender o homem. Quando recomeçou o embrulho, a cliente perguntou-lhe o porquê da aflição, de ter largado tudo e passado o outro à frente, ao que ela respondeu que era preciso porque ele era do hospital. Com voz calma a cliente-médica respondeu-lhe que também ela era, sem dar mais explicações. O susto da caixeira foi tão grande, que deixou sair um pequeno grito e largou o embrulho que caiu ao chão.
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Lembro-me de vez em quando desta história verídica.
Todos os dias ouvimos e lemos nos jornais notícias de decisões que mais parecem saídas de malucos, elaboradas por gente com postos importantes e que por vezes até mandam em nós.
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Dos doentes “encartados” não há normalmente que ter medo, mas como alguém dizia, "O que as pessoas não sabem é que o grosso da coluna anda cá fora!".

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