sexta-feira, 9 de julho de 2010

Poema - Maria do Rosário Pedreira

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Lembro-me do muro entre a estrada e
a praia. Sobre ele nos sentámos, como se para sempre
pudéssemos guardar a primeira fatia de sol, janeiro,
uma palavra aprendida de noite, ou uma ilha
que crescesse do mar e navegasse à deriva. Mais tarde
viriam as vespas e as gaivotas ao rumor dos meus dedos
nos teus cabelos - como anjos há muito aguardados.
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De todos os momentos guardo este; e ainda um outro
em que os meus passos se ouviam já no asfalto,
mas os olhos permaneciam nesse lugar onde apenas se repetem
as ondas, as algas, os avisos do vento.

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